Grave esta frase: “perda de autonomia, dá-se por perda de força”.

Sabe o que significa?

Neste mês em que se celebra o Dia Mundial da Atividade Física explicamos-lhe de que forma a atividade e exercício físico (AF e EF) impactam o nosso processo de envelhecimento e determinam a nossa autonomia ao longo da vida.

Comecemos então por lhe explicar que autonomia e independência são dois conceitos totalmente diferentes. A autonomia é a competência de tomar uma decisão, ou seja, de conseguir garantir o domínio da própria vida. Ser independente é ter a capacidade de conseguir fazer algo sozinho, sem precisar do auxílio de outras pessoas. Estas conceções são essenciais para a manutenção do bem-estar, da saúde e, principalmente, da qualidade de vida. Por isso, promover a autonomia em todas as idades, preservar a dignidade, integridade e liberdade de escolha é primordial para proporcionar uma melhor qualidade de vida.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um em cada três adultos não pratica AF suficiente, sendo o sedentarismo um problema muito grave nos dias de hoje. Este provoca diminuição de massa muscular, de massa óssea e atrofia muscular, principalmente nos idosos. Cerca de 3,2 milhões de pessoas morre a cada ano por inatividade física, o que a torna o quarto fator de risco de mortalidade no mundo.

A AF e a escolha de uma vida saudável devem ser feitas desde cedo, ou seja, é recomendado a realização de  EF e uma alimentação saudável desde criança, para que ao longo da vida haja uma redução do aparecimento de anomalias físicas e psicológicas. A evidência mostra que ser fisicamente ativo, ter uma dieta equilibrada, não fumar e não consumir álcool, ou fazê-lo moderadamente, são essenciais para a manutenção da saúde em todas as idades. Tendo em conta os seus benefícios globais, a prática de AF pode ter mais impacto do que o uso de medicação. As diretrizes gerais de prática de exercício focam sobretudo a prevenção de doenças, com metas que (infelizmente) não são atingidas.

À medida que os anos passam e o nosso corpo envelhece, vamos perdendo algumas capacidades e o envelhecimento ativo é fundamental para desenvolver um conjunto de práticas que ajudem na manutenção das mesmas, sejam elas físicas, de estímulo cognitivo, de expressão plástica, de desenvolvimento pessoal e social, culturais e intergeracionais. A OMS afirma que a AF melhora a força, a resistência, o equilíbrio, a coordenação, a flexibilidade, o controlo motor e a saúde mental.

Desta forma, a AF é crucial, principalmente em idades mais avançadas, já que promove a redução de peso, de massa gorda, de pressão arterial, do “mau” colesterol (LDL) e aumento do “bom” (HDL). É também de extrema importância para a prevenção de doenças cardíacas, AVCs, diabetes e depressão. Tem um impacto importantíssimo na prevenção de quedas, pois fortalece ossos e músculos. Desta forma, contribui para o aparecimento mais tardio das consequências do envelhecimento, já que o sedentarismo é considerado antinatural e não fisiológico, um fator de risco modificável, que pode causar dependência funcional, levar à necessidade de ajuda por terceiros e, consequentemente, perda de autonomia.

Por isso, como pode perceber, mais do que contribuir para um estilo de vida saudável, incluindo a manutenção de um peso adequado, a AF é uma aposta segura na sua qualidade de vida a longo prazo.

E desengane-se se acha que nada disto é importante na faixa etária em que se encontra, já que a velhice ainda está longe. A longevidade e o envelhecimento ativo devem andar de mãos dadas.

A chave de uma vida saudável é a prevenção, e o exercício que faz hoje, é um contributo para uma vida mais autónoma e independente amanhã, pois não chega só adicionar anos à vida, é preciso dar vida a esses anos!