
Em algum momento da vida, todos nós já desejámos ser mais inteligentes, ter uma memória melhor ou maior capacidade de aprendizagem.
E, não sendo um desejo fácil de concretizar, a verdade é que existem uma série de substância capazes de melhorar a função cerebral, os nootrópicos, também conhecidos como “drogas inteligentes” ou “potencializadores cognitivos”.
Embora existam várias definições para o termo nootrópico, a mais conhecida foi proposta pelo químico romeno Dr. Corneliu Giurgea na década de 1970. Segundo ele, para ser considerado um nootrópico, uma substância deve atender aos seguintes critérios:
- Melhorar a memória e a capacidade de aprendizagem.
- Proteger o cérebro contra danos físicos e químicos.
- Aumentar a eficiência dos processos neuronais relacionados com a aprendizagem e memória.
- Não apresentar efeitos colaterais significativos e não ser tóxico.
No entanto, hoje em dia o termo é aplicado a qualquer substância, natural ou sintética, que possa exercer um efeito positivo nas capacidades mentais. No geral, podem ser divididos em 3 categorias: suplementos, compostos sintéticos e medicamentos sujeitos a prescrição médica.
Estes compostos têm ganho cada vez mais popularidade nos últimos anos e são amplamente utilizados para melhorar a função cerebral, aprimorar a memória, aumentar a concentração e até mesmo promover o desempenho mental em geral. A cafeína, por exemplo, é uma das substâncias mais consumidas no mundo e é conhecida pelos seus efeitos estimulantes no sistema nervoso central. Ela pode aumentar a atenção, a concentração e reduzir a fadiga mental temporariamente. Por outro lado, nootrópicos como o piracetam, têm sido estudados como potenciais facilitadores de aprendizagem e memória, embora os seus mecanismos de ação exatos ainda não estejam completamente compreendidos.
Principais nootrópicos:
- L-teanina: parece melhorar os efeitos mentais da cafeína e, em conjunto, permitem melhor desempenho em multitasking. Poderá obter esta combinação bebendo chá verde.
- Citicolina: medicamento sujeito a receita médica na Europa, tem demonstrado um impacto positivo na memória (sobretudo quando usada no tratamento de doença vascular cerebral).
- Creatina monohidratada: usada frequentemente em contextos desportivos, estudos têm vindo a mostrar a sua função na melhoria de capacidades de raciocínio e memória a curto prazo.
- Bacopa monnieri: tradicional da cultura indiana e medicina ayurvedica, esta planta pode ajudar o cérebro a processar informação com mais facilidade, por ajudar no crescimento das dendrites (ligações das células cerebrais).
- Ginkgo Biloba: promove o aumento da produção de fatores de crescimento nervoso e glial, aumentando a ação de neurotransmissores ligados à memória, à sensação de conquista e à concentração: acetilcolina, dopamina e GABA. Melhora o metabolismo de enzimas antioxidantes e de radicais livres e reduz o declínio cognitivo.
No entanto, enquanto alguns nootrópicos têm sido amplamente utilizados e estudados, outros permanecem em fase inicial de pesquisa. À medida que a ciência avança, mais compostos são investigados para entender o seu potencial impacto no cérebro humano.
Algumas áreas em desenvolvimento são:
- Neuroproteção: investigar quais os nootrópicos com potencial para proteger o cérebro contra danos causados por fatores ambientais, como stress oxidativo, inflamação e envelhecimento.
- Plasticidade cerebral: estudar nootrópicos que podem aumentar a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade do cérebro se adaptar e remodelar conexões neuronais, permitindo uma aprendizagem mais eficiente.
- Função executiva: explorar substâncias que possam aprimorar a função executiva do cérebro, incluindo habilidades como o planeamento, tomada de decisões, resolução de problemas e autorregulação.
- Transtornos cognitivos: pesquisar nootrópicos que possam ser úteis no tratamento de distúrbios cognitivos e neurológicos, como o Alzheimer e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Embora a ideia de aumentar a capacidade cognitiva e melhorar o funcionamento do cérebro seja atraente, é fundamental lembrá-lo que não existe uma “pílula mágica” que lhe permita aprimorar completamente a inteligência ou a memória. O cérebro é um órgão complexo e, o seu funcionamento é influenciado pela combinação de fatores genéticos, ambientais, estilo de vida e saúde geral. É importante realçar que os efeitos dos nootrópicos podem variar de pessoa para pessoa, e nem todos os indivíduos experimentarão melhorias significativas nas suas funções cognitivas ao usá-los. Para além disso, o uso indiscriminado ou abusivo destas substâncias pode levar a efeitos colaterais indesejados e até mesmo prejudicar a saúde.
Portanto, antes de considerar o uso de nootrópicos, é fundamental procurar orientação especializada e entender completamente os riscos e benefícios associados a essas substâncias.
Nunca descartando, obviamente, a noção de que uma abordagem holística que inclua hábitos saudáveis, alimentação equilibrada, exercícios físicos, sono adequado e manter-se intelectualmente ativo continuará a ser essencial para promover a saúde cerebral a longo prazo.