A Nutrição Personalizada é uma nova área, e em franco crescimento. Os avanços tecnológicos dos últimos anos têm permitido aceder a informações novas, novos testes e conhecimento sobre uma série de fatores que influenciam, por exemplo o nosso sistema digestivo e o nosso perfil metabólico, abrindo portas para que a nutrição seja ainda mais adaptada ao indivíduo.

O conceito subjacente à nutrição personalizada é que “uma medida não serve a todos”. Com todas as diferenças interindividuais em relação à bioquímica, metabolismo, genética e microbiota seria impensável que o fosse. A nutrição personalizada terá em conta todos estes fatores na prescrição de um plano alimentar, bem como os nossos hábitos, composição corporal, presença de doenças e estilo de vida.

As ciências “ómicas” (genómica, metabolómica, proteómica, microbiómica, epigenómica e transcriptómica) são muito importantes no que à nutrição personalizada diz respeito. É através delas que temos mais conhecimentos sobre moléculas importantes para entender o funcionamento do nosso organismo e também quais os aspetos nutricionais e ambientais que permitem interpretar as necessidades de cada individuo corretamente.

Procura exemplos concretos?

Estudos têm demonstrado que a etiologia da Síndrome do Intestino Irritável está fortemente ligada a alterações no microbioma (conjunto de bactérias existentes no intestino). Este desempenha um papel importante na produção de vitaminas, no sistema imunitário e produção de metabolitos. Constituído por bactérias mais e menos benéficas, sabe-se hoje que estas estão implicadas no risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares e obesidade. É possível alterar o perfil do nosso microbioma através da seleção dos alimentos ou prescrição de planos alimentares adaptados à nossa biologia individual.

Já a pesquisa no campo da resistência à insulina tem vindo a demonstrar que a nossa genética influencia a forma como metabolizamos os diversos alimentos. Mas sabe-se que não é apenas o nosso perfil genético que tem impacto, sendo o microbioma e o meio ambiente também importantes.

No entanto, a verdade é que falamos de uma área que só agora está na sua infância. E apesar de todos os desenvolvimentos e de até ser possível fazer em casa alguns dos testes necessários a este tipo de personalização, ainda temos um longo caminho a percorrer, seja na correta avaliação e interpretação destas informações, seja na capacitação dos profissionais de saúde nesta nova valência.